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Cursos:
(E.05) Oficina de descoberta criativa: dos jogos de linguagem à Literatura | 10 semanas.

Publicações:
ColheitaDosDias_k
– “A Colheita dos Dias“, Valesca de Assis (Arranha-céus, 2014).
http://www.abysmo.pt/livros/32-a-colheita-dos-dias

Bio:
Valesca de Assis é graduada em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com especialização em Ciências da Educação. Foi presidente do Conselho Estadual de Cultura do Rio Grande do Sul e integrou o Conselho Científico do Portal Comunidades Açorianas (Portugal, Açores). Tem oito livros publicados desde 1990. Desenvolve oficinas literárias em várias instituições.
http://www.valescadeassis.com/

Entrevista EC.ON (Newsletter, Abril de 2014):

1 – Como responderia a uma questão básica que muitas vezes nos é colocada: “O que entende por escrita criativa”?

Do meu ponto de vista, a escrita criativa é o exercício de abordagens extraordinárias para coisas comuns e/ou já muito vistas e narradas. E essas abordagens, mesmo que muito excêntricas, têm de mostrar uma verdade interior irretocável. Quando, por fim, o texto trabalhado e retrabalhado resulta universal, metafísico quase, podemos dizer que temos, aí, literatura. Se maiúscula, ou não veremos com a experiência da escrita.

2 – Tendo em conta a sua experiência concreta, perguntamos-lhe se os formandos passam realmente a ter, no final dos cursos, uma outra relação com as suas próprias potencialidades expressivas?
No meu curso – Oficina de Descoberta Criativa – um dos objetivos mais importantes é a busca da voz literária de cada um dos participantes. Essa voz pessoal vai, de um lado, deixar o indivíduo mais à vontade para produzir, e, de outro, possibilitar mais riqueza expressiva, uma vez que está confortável. Não tenho experiência de alguém que não tenha entrado em contato com sua voz particular e única.

3 – Nas formações específicas que lecciona, já alguma vez acompanhou formandos que tenham começado do ‘grau zero’ e que tenham acabado por publicar um livro com alguma qualidade literária? Como sintetizaria esse processo?
Vários formandos, ao chegar às classes, disseram-me: jamais escrevi literatura; nem sei bem porque estou aqui… São os melhores, em geral. Não têm a prioris, estão muito abertos a todas as sugestões de leituras, de temas e a eventuais anotações do professor. Em geral são também os que obtém maior reconhecimento, pois não temem expor-se em concursos, saraus, e novos desafios.

4 – O que pensa do método assíncrono e sobretudo personalizado?
Acho muito, muito bom. As pessoas são diferentes, têm seu próprio tempo. Esse tipo de trabalho seria o ideal, ao menos por um tempo. A certa altura, convém ouvir outras vozes, porque o artista, em geral, é muito frágil e, em uma hora, é capaz de passar de gênio a imbecil, perante si mesmo… É bom que confie em opiniões alheias. Afinal, não somos confirmados, como entes, pelo olhar do outro?! //